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Raízes - Um Mapeamento Audiovisual dos Baobás de Pernambuco

2024, Pernambuco

RAÍZES é uma pesquisa cultural que investiga e documenta a presença dos baobás no território pernambucano, reconhecendo essas árvores como símbolos da resistência negra, da ancestralidade africana e do patrimônio natural e cultural do estado.

O projeto

O Baobá, impressionante árvore nativa da África, também conhecida como Árvore da Vida, por ser capaz de sobreviver por centenas e até milhares de anos, é considerada sagrada por muitas culturas do continente, por inspirar lendas, ritos e poesias. Acredita-se que foram trazidas ao Brasil por sacerdotes africanos durante a época da escravidão e que aqui foram plantadas em locais específicos com a finalidade de cultuar as religiões de matrizes africanas, representando também a luta dos negros no país.

 

O estado de Pernambuco abriga centenas de Baobás. Só em Recife é possível encontrar mais de 150 dessas árvores, sendo a cidade fora da África com a maior concentração dessa espécie no mundo, motivo pelo qual Recife ganhou o título de “Capital dos Baobás”. Para se ter ideia, existem aqui, no estado, espécimes com mais de 300 anos de existência, como é o caso do Baobá da vila de Nossa Senhora do Ó, no município de Ipojuca.

Idealizado pelo pesquisador, diretor e ambientalista Mateus Guedes, e desenvolvido em parceria com a produtora cultural Ana Sofia, o projeto teve início em 2019 de forma independente, recebendo o primeiro incentivo em 2020, pela Lei Aldir Blanc Pernambuco, sendo responsável pelo primeiro mapeamento audiovisual dessas árvores no estado. Em 2022, com apoio do Funcultura, o projeto ganhou novo fôlego: percorreu as quatro macrorregiões de Pernambuco, registrando novos baobás, incorporando novo dados e aprimorando os métodos de captação das imagens.

Ao todo foram mapeadas 20 árvores, localizados nos municípios de Recife, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Ribeirão, Vicência, Itambé, Buenos Aires, Limoeiro, Sanharó, Serra Talhada, Arcoverde e São José do Belmonte. Cada árvore foi registrada em vídeo e estudada e inserida em seu contexto geográfico, social e cultural por uma equipe especializada, composta por nomes como Pallomma Darmnea (historiadora), Marcelo Figueiredo (arquiteto urbanista) e Gilberto Alves (botânico).

Os vídeos apresentados aqui formam uma galeria viva: além de apresentar os baobás existentes em nosso estado, são também um convite à contemplação, à escuta e ao reencontro com um tempo mais lento, profundo e conectado às raízes. Mais do que dados, eles nos oferecem narrativas. Cada baobá conta uma história — do solo que o abriga, da comunidade ao seu redor, do passado que resiste em sua casca espessa.

RAÍZES é também um convite à preservação e à responsabilidade coletiva: ao identificar, estudar e compartilhar a existência desses gigantes silenciosos, o projeto incentiva o reconhecimento dos baobás como patrimônio natural, paisagístico e cultural de Pernambuco, a fim de contribuir para o desenvolvimento de políticas de salvaguarda e de preservação ambiental.

Todas as imagens apresentadas disponibilizam audiodescrição como ferramenta de acessibilidade para pessoas com deficiência visual.

Seja bem-vindo. Sente-se à sombra de um baobá e escute suas raízes.

Audiodescrição

Baobá do Parque Jardim do Baobá

Recife/PE

Localizado no bairro das Graças, na Zona Norte do Recife, este imponente baobá é o coração do Parque Jardim do Baobá, situado às margens do Rio Capibaribe. Com aproximadamente 17,5 metros de altura e 17 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha cerca de 100 anos de existência, sendo um dos exemplares mais emblemáticos da cidade. O baobá das Graças foi tombado como Patrimônio do Recife em 1988, reconhecendo sua importância histórica e ambiental para a cidade.  Mais do que uma árvore imponente, o Baobá do Jardim do Baobá tornou-se um símbolo vivo de resistência, memória e afeto coletivo.

O Jardim do Baobá foi inaugurado em 2016 como a primeira etapa do ambicioso projeto Parque Capibaribe, uma iniciativa da Prefeitura do Recife em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O parque foi concebido para ser um espaço de lazer, contemplação e valorização da cultura afro-brasileira.

Este exemplar recifense integra o mapeamento audiovisual dos Baobás de Pernambuco, representando não apenas um monumento natural, mas também um patrimônio cultural vivo. Suas raízes profundas e sua copa generosa nos convidam a refletir sobre o tempo, a história e a necessidade urgente de preservação — tanto da natureza quanto das heranças simbólicas que ela abriga.

Audiodescrição

Baobá do Bongi

Recife/PE

No bairro do Bongi, zona oeste da cidade do Recife, encontra-se um dos baobás mais impressionantes da capital pernambucana. Com aproximadamente 17 metros de altura e uma circunferência monumental de 23 metros, estima-se que esta árvore tenha em torno de 80 anos de idade. Sua história, no entanto, traz um aspecto raro e simbólico: ela nasceu da união de três árvores distintas, que ao longo dos anos cresceram entrelaçadas, formando hoje um único e gigantesco corpo vegetal.

Localizado em uma área urbana, cercada por ruas movimentadas, residências e muros, o baobá do Bongi se destaca como um oásis de sombra e memória em meio ao concreto e ao ruído da cidade. Sua presença contrasta com o cotidiano acelerado do Recife metropolitano, como se trouxesse em sua quietude um convite à pausa e à contemplação. Seu tronco múltiplo, agora unido, sugere que a convivência, a junção e a diversidade também são formas de resistência — da natureza e da vida urbana.

Audiodescrição

Baobá da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Recife/PE

No campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), uma das principais instituições de ensino superior do país, localizada na cidade do Recife, cresce um baobá imponente e silencioso, que acompanha há décadas o movimento de estudantes, professores e pesquisadores. Com aproximadamente 20 metros de altura e 5 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha em torno de 60 anos de idade. Em reconhecimento à sua importância ambiental e simbólica, o baobá foi tombado como patrimônio natural da cidade em 1988.

Localizado próximo ao Centro de Ciências da Saúde, o baobá da UFPE é um marco vivo dentro da vida acadêmica e urbana. Seu porte elegante contrasta com os edifícios de concreto ao redor, e sua sombra abriga gerações de universitários, que muitas vezes o utilizam como ponto de encontro, descanso ou contemplação. Em um espaço voltado à produção de conhecimento, ciência e pensamento crítico, o baobá se impõe como um elo entre o saber ancestral e o saber acadêmico.

Originária do continente africano, a árvore carrega em si múltiplos significados: é considerada sagrada em diversas culturas, símbolo de resistência, abrigo e longevidade. No solo da universidade, ela amplia esses sentidos — tornando-se também metáfora do tempo do conhecimento, que exige paciência, enraizamento, escuta e crescimento constante. Sua presença discreta, mas majestosa, inspira silêncios férteis em meio à efervescência dos corredores universitários.

Audiodescrição

Baobá da Faculdade de Direito do Recife

Recife/PE

Em pleno coração do Recife, no pátio da centenária Faculdade de Direito do Recife (FDR), cresce um baobá imponente, que representa a interseção entre natureza, história e pensamento crítico. Com aproximadamente 19 metros de altura e 8 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha em torno de 40 anos de idade, tendo sido plantada entre os anos de 1986 e 1988. Em reconhecimento à sua importância simbólica, foi tombada como patrimônio natural da cidade em 2003.

A FDR, fundada em 1827, é uma das instituições jurídicas mais tradicionais da América Latina e berço de importantes figuras da política, do direito e da cultura brasileira. No centro desse espaço de saberes e debates jurídicos, o baobá se destaca como um monumento vivo ao tempo, à memória e à ancestralidade.

Plantado propositalmente em um período de redemocratização do país, pós-ditadura militar, o baobá da FDR pode ser lido também como um símbolo de resistência, liberdade e justiça — temas que atravessam tanto as raízes da árvore quanto os corredores da faculdade. Em meio ao concreto, à arquitetura clássica e aos ventos do Capibaribe, ele se impõe como uma espécie de oráculo, observando silenciosamente os ciclos da história e da formação humana.

Audiodescrição

Baobá da Praça da República

Recife/PE

Em meio ao centro político e histórico do Recife, na emblemática Praça da República, ergue-se um baobá silencioso e imponente, em frente ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco. Com aproximadamente 12 metros de altura e 14 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha em torno de 100 anos de idade. Cercado por prédios centenários, monumentos e a movimentação cotidiana da cidade, este baobá é um dos mais simbólicos do espaço urbano recifense.

A Praça da República é um dos lugares mais emblemáticos do Recife. Situada às margens do rio Capibaribe, ela abriga, além do Palácio, o Teatro de Santa Isabel, o Tribunal de Justiça e o Palácio da Justiça, compondo um dos conjuntos arquitetônicos mais importantes do estado. Este baobá, portanto, se destaca como um símbolo de resistência e ancestralidade em meio às estruturas do Estado. Sua longevidade e força silenciosa contrastam com a transitoriedade dos cargos públicos, das políticas e das narrativas dominantes. Ele está ali há cem anos, atravessando governos, reformas e modernizações, oferecendo sombra sem fazer distinções, sendo presença viva e contínua em meio à instabilidade da história.

Audiodescrição

Baobá do Engenho de Massangana

Cabo de Santo Agostinho/PE

Este baobá está localizado no município do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, dentro do histórico Engenho Massangana, um dos mais importantes patrimônios culturais do estado de Pernambuco. Com aproximadamente 18 metros de altura e 6,5 metros de circunferência, esta árvore tem 36 anos de idade e já se impõe na paisagem com sua presença solene e simbólica.

O Engenho Massangana é conhecido por ter sido o local onde Joaquim Nabuco, importante político, escritor e abolicionista brasileiro, passou parte da infância. O espaço, hoje musealizado, integra o conjunto de bens preservados pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e constitui uma referência para a memória da luta contra a escravidão no Brasil. A presença de um baobá nesse território carrega, portanto, uma carga simbólica poderosa: a árvore sagrada de origem africana cresce hoje onde se refletiu, historicamente, sobre os horrores da escravidão e a urgência da liberdade.

Audiodescrição

Baobá do Sítio Mercês

Ipojuca/PE

Este baobá está localizado no município de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, dentro da propriedade conhecida como Sítio Mercês, nas proximidades do Complexo Portuário de Suape. Com cerca de 15 metros de altura e 11,5 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha aproximadamente 100 anos de existência, sendo um dos exemplares mais antigos da região.

Apesar de estar relativamente escondido em uma área rural, este baobá carrega uma força simbólica imensa, resistindo ao tempo e às transformações profundas do seu entorno. A região onde está plantado passou, nas últimas décadas, por um processo intenso de industrialização e urbanização devido à expansão de Suape — um dos principais polos portuários e industriais do Nordeste. Nesse contexto, a permanência dessa árvore centenária pode ser lida como um gesto silencioso de resistência ecológica e histórica.

O município de Ipojuca, historicamente ligado à ocupação colonial, à produção açucareira e à presença afroindígena, guarda em seu território rastros de memórias e culturas que antecedem o ciclo industrial. A presença de um baobá — árvore sagrada em diversas culturas africanas e símbolo da resistência negra — nesse solo carrega um sentido ancestral profundo, como se suas raízes estivessem conectadas não apenas ao chão, mas também às histórias invisibilizadas da região.

Audiodescrição

Baobá do Sítio Gameleira

Ipojuca/PE

Localizado no município de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, este baobá centenário ergue-se imponente no Sítio Gameleira, em uma zona rural que resiste ao tempo e à pressão urbana e industrial que se intensificou na região nas últimas décadas. Com cerca de 14,5 metros de altura e 9,5 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha aproximadamente 200 anos de idade, sendo um dos mais antigos exemplares identificados no território pernambucano.

A árvore viveu dois séculos de transformações ao seu redor: da era dos engenhos de cana-de-açúcar à chegada da modernização e dos grandes empreendimentos industriais. Sua permanência, silenciosa e resiliente, é uma memória viva dos ciclos históricos que marcaram a região. O nome "Gameleira" remete a outra árvore nativa muito presente na simbologia popular nordestina, o que confere ainda mais força poética ao local onde o baobá está enraizado — como se diferentes árvores sagradas dialogassem entre si no tempo e no espaço.

A presença de um baobá com essa idade em solo pernambucano é também um marcador da presença negra no território. Essas árvores foram trazidas da África para o Brasil muitas vezes de forma não intencional, mas carregadas de sentido: onde um baobá cresce, cresce também uma ligação ancestral. Por isso, este exemplar pode ser compreendido como um guardião da memória, testemunha silenciosa de práticas, afetos e modos de vida de populações afrodescendentes que construíram suas histórias em Ipojuca.

Audiodescrição

Baobá da Praça do Baobá - Nossa Senhora do Ó

Ipojuca/PE

No coração do distrito de Nossa Senhora do Ó, no município de Ipojuca, litoral sul de Pernambuco, cresce um dos baobás mais antigos e emblemáticos do estado. Localizado no centro da cidade, em uma área residencial e urbana, este gigante se impõe na Praça do Baobá, cercado por casas, calçadas e o cotidiano das pessoas que o veem como parte essencial de sua paisagem e de suas vidas. Com aproximadamente 16 metros de altura e impressionantes 17,1 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha cerca de 200 anos de existência.

Este baobá centenário é um verdadeiro monumento natural e espiritual. Sua presença no centro da cidade sugere que ele testemunhou a formação e o crescimento do próprio núcleo urbano de Nossa Senhora do Ó, resistindo ao tempo, às mudanças no entorno e à modernização que, muitas vezes, apaga o passado em nome do progresso. Ele é, assim, um guardião silencioso da história local — anterior à eletricidade, ao asfalto e à praça que hoje leva seu nome.

Nossa Senhora do Ó é uma localidade marcada por fortes referências culturais, festas religiosas e uma profunda presença da cultura afro-brasileira e indígena. Ter um baobá enraizado em seu centro urbano é como manter vivo um elo com as ancestralidades africanas, já que o baobá, em diversas culturas do continente africano, é símbolo de sabedoria, abrigo, resistência e ligação entre gerações. Sua sombra abriga, diariamente, moradores, passantes, crianças que brincam em seu entorno e memórias que atravessam séculos.

Audiodescrição

Baobá de Porto de Galinhas

Ipojuca/PE

Na beira do mar, sob o céu aberto e os ventos do Atlântico, cresce um baobá ancestral no município de Ipojuca, na região metropolitana do Recife. Este exemplar encontra-se em um terreno hoje ocupado por um hotel à beira-mar, na famosa praia de Porto de Galinhas — uma das mais visitadas do Brasil. Com aproximadamente 12,5 metros de altura e 9,5 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha cerca de 150 anos de idade.

Em meio a um território marcado pelo turismo, sua idade sugere que foi plantado em um período anterior à transformação da vila de pescadores em destino turístico internacional — o que o torna um verdadeiro marco de tempo profundo em um espaço moldado pela velocidade e pela efemeridade.

Porto de Galinhas, para além de suas águas cristalinas, guarda camadas de história relacionadas à escravidão, ao comércio portuário clandestino de pessoas africanas e à formação de comunidades tradicionais costeiras. Ter um baobá nesse solo é carregar, ainda que de forma silenciosa, uma memória africana ancestral, como se suas raízes conectassem o continente de origem ao território brasileiro. Sua existência é uma espécie de sussurro da história em meio ao cenário de lazer e descanso.

Audiodescrição

Baobá do Engenho Aripibu

Ribeirão/PE

Este baobá está localizado no município de Ribeirão, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, em uma área rural que pertence ao histórico Engenho Aripibu — um antigo espaço dedicado à criação de cavalos e à produção agrícola, como era comum nos engenhos da região. Com cerca de 16 metros de altura e 13,5 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha aproximadamente 50 anos de idade.

O Engenho Aripibu é um dos muitos vestígios do período colonial e da economia agroexportadora que marcou profundamente o interior de Pernambuco. Sua arquitetura, suas terras e seus modos de vida são atravessados por camadas de história — muitas delas vinculadas à exploração, à resistência e à ancestralidade negra. Nesse cenário, o baobá se afirma como símbolo de renascimento e conexão com outras temporalidades, evocando as raízes africanas em pleno território dos antigos senhores de engenho.

Audiodescrição

Baobá do Sítio Capivara

Sanharó/PE

No agreste de Pernambuco, entre serras, pastagens e plantações, cresce um baobá de presença imponente e aura ancestral. Localizado no município de Sanharó, no Sítio Capivara, este exemplar se ergue com aproximadamente 13,5 metros de altura e 11 metros de circunferência, sendo estimado que tenha cerca de 200 anos de idade — um verdadeiro monumento natural plantado no coração do interior.

O Sítio Capivara guarda, além da árvore centenária, um elemento que torna este baobá ainda mais singular: ao seu lado, foi construída uma estrutura de pedras em forma de oratório, um pequeno altar rústico que transforma o local em espaço de fé, contemplação e reverência. A junção entre o sagrado popular e a árvore ancestral revela uma relação profunda entre espiritualidade, território e natureza — tão comum nos sertões e agrestes do Brasil, onde elementos do catolicismo popular se misturam com saberes africanos e indígenas.

Sanharó é um município do agreste central, conhecido por suas paisagens de transição entre a vegetação da Mata e da Caatinga, por seus cultivos e por uma cultura profundamente enraizada nas práticas religiosas, na oralidade e nos vínculos comunitários.

Audiodescrição

Baobá do Sítio Espinho Preto

Limoeiro/PE

No agreste de Pernambuco, entre estradas de terra, plantações e pequenas comunidades, cresce um baobá imponente e sereno no Sítio Espinho Preto, zona rural do município de Limoeiro. Com cerca de 14,5 metros de altura e 9,2 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha em torno de 50 anos de idade. Mesmo relativamente jovem em comparação a outros baobás centenários do estado, ela já se destaca como presença ancestral e marcante no território.

Limoeiro é um dos municípios mais tradicionais do agreste pernambucano, com forte herança cultural ligada à vida no campo, às festas populares, à religiosidade e à oralidade. O Sítio Espinho Preto, onde o baobá está localizado, é parte dessa trama rural que resiste ao tempo e às mudanças do mundo urbano. Nesse cenário, o baobá cresce como um marco de memória natural, uma árvore que observa e acolhe a vida que se desenrola à sua sombra — das rezas aos plantios, das brincadeiras às colheitas

Audiodescrição

Baobá do Engenho Poço Comprido I

Vicência/PE

No município de Vicência, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, cresce um baobá centenário em um dos cenários mais carregados de memória histórica do estado: o Engenho Poço Comprido. Com cerca de 15 metros de altura e 8,5 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha mais de 120 anos de existência, enraizada em solo marcado pelas heranças do período colonial e da escravidão.

Ao fundo do baobá, avistam-se a antiga casa-grande e a capela do engenho, construções datadas do século XVIII, tombadas como patrimônio histórico nacional e hoje parte do acervo preservado do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

A presença de um baobá nesse território não é casual. Árvores dessa espécie, originárias da África, chegaram ao Brasil entre os séculos XVIII e XIX, muitas vezes plantadas por mãos negras escravizadas ou libertas, como gesto espiritual, político e de proteção. Nesse contexto, o baobá do Poço Comprido é mais do que uma árvore: é um monumento vivo de ancestralidade, enraizado no espaço onde tantas histórias de opressão e superação se cruzaram.

Audiodescrição

Baobá do Engenho Poço Comprido II

Vicência/PE

Ainda no território do histórico Engenho Poço Comprido, em Vicência, encontra-se outro exemplar notável de baobá. Esta árvore, embora mais jovem que o primeiro baobá do local, carrega também uma presença marcante. Com aproximadamente 11,5 metros de altura e 8,6 metros de circunferência, estima-se que tenha cerca de 70 anos de idade. Plantada em um período posterior à decadência dos grandes ciclos canavieiros, esta árvore cresce entre o passado e o presente, dando continuidade à memória ancestral do território.

Diferente de seu “irmão” centenário, este baobá nasceu em um contexto de transformação social e econômica, mas ainda assim resguarda em sua forma a força simbólica da diáspora africana, do tempo e da espiritualidade plantada na terra. Apesar de mais jovem, seu tronco grosso e suas raízes expostas já demonstram a potência de uma árvore que guarda o saber do tempo lento. Ele também ocupa lugar de destaque no paisagismo afetivo do engenho, compondo um cenário que mistura ruínas, história viva e resistência vegetal. Em sua sombra, o tempo parece suspenso — como se tudo ao redor silenciasse para escutar o que o baobá tem a dizer.

Audiodescrição

Baobá do Engenho Criméa

Buenos Aires/PE

Na Zona da Mata Norte de Pernambuco, no município de Buenos Aires, encontra-se um baobá de grande porte e profunda carga histórica, localizado no antigo Engenho Criméa, fundado em 1856. Com cerca de 14,5 metros de alturae 10,9 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha aproximadamente 160 anos de idade, tornando-se não apenas um monumento natural, mas também um marco vivo de um passado ainda presente.

O Engenho Criméa, como tantos outros da região da Zona da Mata, foi moldado pelos ciclos da cana-de-açúcar, da monocultura e da escravidão. Hoje, o Engenho Criméa guarda as marcas do tempo. Ainda que suas estruturas possam ter mudado, o baobá permanece como testemunha silenciosa de séculos, observando as transformações no território e carregando consigo as histórias que os livros muitas vezes não contam. Sua copa larga oferece abrigo, sua presença impõe respeito, e sua longevidade é um lembrete da força da natureza e da memória que nela se inscreve.

Audiodescrição

Baobá do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA)

Itambé/PE

Este baobá está localizado no município de Itambé, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, dentro da área do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) — uma das instituições mais antigas de pesquisa e extensão rural do estado, com papel fundamental no desenvolvimento da agricultura e da agroecologia na região.

Com aproximadamente 14,5 metros de altura e 6,7 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha cerca de 40 anos de idade. Embora mais jovem em comparação a outros baobás históricos de Pernambuco, seu porte já impressiona e sua presença é marcante na paisagem do instituto, cercada por áreas de vegetação e campos experimentais.

Audiodescrição

Baobá do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA)

Arcoverde/PE

Localizado na cidade de Arcoverde, no Sertão do estado de Pernambuco, este baobá cresce dentro da unidade regional do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), instituição pública voltada à pesquisa, extensão rural e inovação no campo da agropecuária e da agricultura sustentável. Com aproximadamente 6,6 metros de altura e 6,5 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha em torno de 25 anos de idade.

Embora ainda jovem, este baobá já se destaca como uma presença singular na paisagem sertaneja. Arcoverde, situada entre o Agreste e o Sertão, é um território de transição climática e cultural — onde o solo seco, o calor intenso e os saberes populares convivem com a força da resistência e da criatividade do povo sertanejo. O IPA tem atuado em regiões como Arcoverde com ações de desenvolvimento rural e pesquisas voltadas à convivência com o semiárido. O crescimento do baobá nesse espaço de ciência e saberes técnicos revela um encontro simbólico entre o conhecimento ancestral e o conhecimento científico, entre o tempo das árvores e o tempo da pesquisa.

Audiodescrição

Baobá do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA)

Serra Talhada/PE

No coração do Sertão pernambucano, no município de Serra Talhada, cresce um baobá robusto e sereno, localizado dentro da área do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), órgão dedicado à pesquisa e à extensão rural em todo o estado. Com cerca de 14 metros de altura e 9 metros de circunferência, estima-se que esta árvore tenha em torno de 40 anos de idade. Ao fundo, a paisagem se revela em camadas: as montanhas secas, a represa que reflete o céu sertanejo e o silêncio que só o tempo profundo conhece.

Este baobá se impõe na paisagem como um símbolo de resistência e adaptação. Em uma terra marcada pela escassez hídrica, pelo sol forte e pelo solo pedregoso, sua presença é quase mítica: uma árvore africana, sagrada em muitos povos do continente negro, crescendo firme no Sertão do Brasil. Sua sombra e seu tronco largo parecem desafiar o clima semiárido, como se dissessem: “a vida persiste onde há raiz e memória”.

Serra Talhada, terra de heranças históricas e culturais profundas, é também berço de figuras importantes como Lampião, o rei do cangaço. A cidade pulsa com narrativas de resistência popular, de luta pela terra e de reinvenção cotidiana frente às adversidades climáticas. Nesse cenário, o baobá do IPA surge como uma árvore pedagógica: não apenas objeto de pesquisa agronômica, mas também símbolo de resiliência, ancestralidade e futuro.

Audiodescrição

Baobá do Sítio Santa Cruz

São José de Belmonte/PE

No município de São José do Belmonte, no Sertão pernambucano, repousa um baobá monumental, testemunha silenciosa de séculos de história sertaneja. Localizado no Sítio Santa Cruz, este gigante vegetal alcança aproximadamente 13,5 metros de altura e 9 metros de circunferência, sendo estimado que tenha cerca de 200 anos de idade — um dos exemplares mais antigos registrados no estado.

Encravado em um território de caatinga, serras e romarias, o baobá de Belmonte cresce em solo de fé, cultura e resistência. A cidade é amplamente conhecida pelas Cavalhadas da Pedra do Reino, manifestação cultural inspirada na literatura de Ariano Suassuna e que celebra a mística, o imaginário popular e a espiritualidade do povo sertanejo. Nesse mesmo solo simbólico, o baobá se firma como símbolo da ancestralidade africana, coexistindo com os mitos e rituais que dão vida à região.

O Sítio Santa Cruz, onde a árvore está localizada, é um espaço de vida rural e memória familiar, onde o tempo corre em ritmo próprio. A longevidade do baobá sugere que sua semente foi lançada em um período ainda marcado pela escravidão e pela colonização, e que sua sobrevivência até os dias de hoje é, por si só, um ato de resistência da natureza e da cultura negra. Como um oráculo de raízes profundas, ele atravessou gerações, estiagens, ciclos agrícolas e mudanças sociais.

Equipe do projeto

Idealização

Mateus Guedes e Ana Sofia (Tempoo)

Mateus Guedes

Pesquisa e Direção Geral

Produção Executiva

Ana Sofia

Direção de Produção

Ana Sofia

NAM

Assistência de Produção Executiva

Assistência de Produção

Vítor Pessoa e Rafael Cavalcanti

Rafael Cavalcanti, Fábio André, Uenes Gomes Barbosa, Joana D’arc Ribeiro, Kleber Araújo, Draiton de Moraes 

Produção Local

Direção de Fotografia

Mateus Guedes

Mateus Guedes

Imagens Aéreas

Deriva

Som/Finalização de Som

NAM

Edição Audiovisual

Pallomma Darmnea

Historiadora

Biólogo

Gilberto Alves

Marcelo Figueiredo

Arquiteto e Urbanista

Mateus Guedes e Ana Sofia (Tempoo)

Fotografia Ações de Contrapartida

Beatriz Olivial, Charlon Cabral, Dvson Alves, Thiago Freitas, Davi Costa, Milton Dias

Educadores

Thiago Couceiro e Estúdio Meio [ ] Fio

Design

Webdesigner

Estúdio Meio [ ] Fio e Thiago Couceiro

Direção de Arte

Mateus Guedes

Acessibilidade

Vouser Acessibilidade 

Assessoria de Imprensa e Mídias

Vínicius Gomes

Apoio

NAM, Associação dos Filhos e Amigos de Vicência, Galpão das Artes

Realização:

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Incentivo:

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